Fim da rede BITNET em Santa Catarina

Em novembro de 1995, a UFSC encerra suas atividades como nó da BITNET. A partir deste momento a adoção da Internet ganha força, assim como já estava sendo feito em outros países desde o final da década de 1980. Os usuários foram instruídos a divulgar seus endereços da Internet (…@ibm.ufsc.br) e que realizassem um novo cadastro em quaisquer listas de e-mail com o endereço da Internet para que não deixassem de receber suas correspondências. 

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Mensagem sobre o encerramento das atividades da UFSC como nó da BITNET

Vale lembrar a importância da BITNET como precursora da Internet, no sentido de criar expectativas sobre uma rede aberta e de livre acesso além de ajudar com a criação do conceito de pagamento por banda alugada e não por quantidade de dados transmitidos como era proposto inicialmente, como podemos observar nesse trecho do livro “How the Web was Born: The Story of the World Wide Web. 

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"No entanto, o mundo das redes tinha muito que agradecer à BITNET pois 'Foi um importante precursor da Internet', explica Brian Carpenter, 'no sentido em que estabeleceu muitas expectativas com relação a abertura e liberdade de acesso.' É difícil entender como isso revolucionou o mundo da pesquisa de partículas na física e ultimamente o desenvolvimento global da Internet. 'BITNET', disse Paul Kunz 'foi a que rompeu as barreiras políticas.' Ao fazer isso, colocou um fim as ambições das empresas de telecomunicações de cobrar pela transmissão de dados por byte. O modelo de cobrança que a BITNET ajudou a estabelecer foi baseado em linhas alugadas, cujo preço é determinado pela largura de banda. Uma vez pago o aluguel da linha, o quanto se usa depende do usuário.

Iniciada implantação da RCT-SC

A RCT-SC – Rede de Ciência e Tecnologia de Santa Catarina – é uma iniciativa da SDT – e seu objetivo é implantar o backbone de uma rede de computadores no Estado, para apoio as atividades de ensino, pesquisa e extensão.

A partir de 1996, deu-se início à implantação a Rede Catarinense de Ciência e Tecnologia (RCT-SC). Uma das primeiras ações na concretização de sua implementação foi a criação do Comitê Gestor da rede, composto por representantes da UFSC, UDESC, ACAFE, EPAGRI, SED, RNP e TELESC e pela coordenação da SDT. O projeto tinha o intuito de criar, assim como estava sendo feito pela RNP em âmbito nacional, o backbone da rede no Estado de Santa Catarina, possibilitando a conexão entre Instituições de Ensino Superior (IES) e Unidades de Pesquisa (UP), incluindo os polos geradores de conhecimento ao redor do Estado.

Na época, a concessionária de telefonia do Estado, TELESC, aderiu a iniciativa. Esta adesão foi essencial, dado que a entrada da TELESC, à iniciativa, previu um desconto de 70% no aluguel das linhas de comunicação, sendo que em contrapartida a TELESC poderia utilizar 20% dos roteadores para provimento comercial. A motivação para o acordo partiu do princípio que a RCT-SC não interferiria nas atividades comerciais da TELESC por se tratar de um ente unicamente educacional. Por parte das IEPs (Instituições de Ensino e Pesquisa), era entendido que mais tempo seria necessário para levantar os fundos necessários para a implantar uma rede completamente própria.

O projeto foi viabilizado com recursos do Governo Estadual, ACAFE, UFSC, UDESC, EPAGRI, dentre outros. Na época, foram adquiridos equipamentos de rede e vídeo conferência através de financiamento da FUNCITEC (Fundação de Ciência e Tecnologia do Estado de Santa Catarina) – atual FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina). O investimento foi na ordem de R$1,5 milhões executados através de um edital internacional, além deste investimento, outro custo arcado foi o aluguel mensal na ordem de R$120.000,00 das linhas de transmissão. Atualmente, a RCT-SC continua sendo administrada pela FAPESC.

Além dos investimentos para aquisição de equipamentos e aluguéis de linhas de transmissão, o CNPq disponibilizou o total de 20 bolsas RHAE para formar o corpo técnico desta rede. UFSC e UDESC ficaram como responsáveis pela gerência da rede e suporte técnico inicial à implantação, enquanto as demais instituições tinham como responsabilidade administrar os seus pontos de presença, propiciar a capilaridade interna da rede e fomentar conexões regionais.

As primeiras conexões experimentais estabelecidas envolveram a SDTUDESC e a UFSC. Posteriormente, a rede alugada se expandiu possuindo a capacidade para 9 circuitos de 2 Mbps e 11 circuitos de 64 Kbps, utilizando protocolo de IP (Protocolo de Internet) sobre PPP (Protocolo Ponto-a-Ponto) e tecnologia de enlace LPCD (Linha Privativa de Comunicação de Dados). Estes circuitos permitiram construir o backbone da RCT-SC. A partir dos locais onde foram instalados os Pontos de Presença (PoP) da RCT, foram estabelecidas as conexões para as instituições que se interconectariam nesta rede.

Os PoPs que receberam o MUX também receberam equipamentos de video conferência.  Os MUX foram necessário para dividir parte da banda para a rede IP e parte para a rede de vídeo conferência pois esta não operava sobre IP e sim sobre canais dedicados que variavam entre 64 Kbps e 512 Kbps. Os equipamentos de vídeo conferência faziam parte do projeto Rede Catarinense de Ensino a Distância, liderado pelo LED/UFSC e que passou a fazer parte integrante do projeto da rede estadual RCT-SC.

RCT-SC implanta conexões de alta velocidade em Florianópolis

Aproveitando o momento de avanços tecnológicos no Estado com a criação  da  RCT-SC, em 1996 é implantado o primeiro segmento de alta velocidade na  rede acadêmica em Florianópolis. Esta iniciativa ficou conhecida como RMCT (Rede Metropolitana de Ciência e Tecnologia).

Esta rede interconectava o Campus Reitor João David Ferreira Lima da UFSC, UDESC, campus CCA/UFSC, EPAGRI, CIDASC, Secretaria de Agricultura e FUNCITEC através de fibra ótica single-mode entre UFSC e UDESC, e multi-mode entre UFSC e outras instituições.

Tratava-se de uma rede que faz uso das tecnologias ATM (Asynchronous Transfer Mode) e Ethernet, que atuava com protocolos IP sobre LANE e IP sobre Ethernet e possuía as capacidades de 155 Mbps através de ATM e 10 Mbps através de Ethernet contando com os equipamentos IBM 8260 e IBM 8271, respectivamente.

Desde sua criação, em 1996, até o ano de 2005, a RMCT não sofreu expansão física significativa, permanecendo praticamente inalterada neste perído. No entanto, neste intervalo de tempo, houve aumento da capacidade da conexão entre os pontos de presença do PoP-SC (RNP) e o PoP-UDESC (RCT-SC) que passou a operar com 622 Mbps em ATM e o aumento da capacidade de conexão das outras instituições que passou de 10 Mbps em Ethernet para 155 Mbps em ATM, em função de equipamentos que operaram da RMAV-FLN. A sua abrangência ainda era bastante restrita, conectando somente prédios da UFSC no bairro Trindade e instituições no bairro Itacorubi, fazendo com que demais unidades na região metropolitana da cidade (Florianópolis, São José e Palhoça) tivessem que se conectar à RCT-SC em baixa velocidade de 128 Kbps a 2 Mbps.

RCT-SC cresce em número de instituições conectadas

Em 1997, existiam mais de 50 instituições conectadas na Rede Catarinense de Ciência e Tecnologia – RCT-SC. Somente parte delas se conectaram diretamente ao POP-SC, as demais se conectaram a UDESC, FURB, UNISUL, entre outras. Conexões típicas para estes enlaces utilizavam tecnologia de transmissão LPCD (Linha Privativa de Comunicação de Dados) em par metálico fornecido por operadoras com velocidades típicas de 19,2 Kbps, 64 Kbps (maioria), 128 Kbps e 2 Mbps.

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Backbone RCT-SC em 1997