A UFSC é a precursora do ingresso de Santa Catarina na redeBITNET (acrônimo para “Because It’s Time to NETwork” ou “Because It’s There NETwork“), que ocorreu em meados de 1989 através de uma conexão experimental discada com a FAPESP. Esta conexão abriu as portas da rede BITNET e permitiu aos pesquisadores e usuários efetuarem troca de dados/informações com seus pares ao redor do globo, que também tivessem acesso à BITNET. O acesso da UFSC à rede BITNET era feito através de uma única conta de e-mail, criada sob o domínio da FAPESP,a qualera “compartilhada” pelos usuários da UFSC, onde um profissional do NPDoperava o serviço, recebendo em disquete os e-mails a serem transmitidos e separando os e-mails recebidos pelo seu assunto, que continha o destinatário, e fazia a sua entrega impressa ou em disquete.
Equipamentos utilizados para realizar a entrega de e-mails na UFSC
Em janeiro de 1990, é entregue à UFSC o mainframeIBM 3090, adquirido através da licitação de 1989, para substituir os equipamentos IBM 4341 e IBM 4381, os quais proviam todos os serviços de TI disponibilizados pelo NPD. Com a aquisição e operacionalização do IBM 3090a UFSC experimentou um salto significativo na de capacidade de processamento, de e recursos de TI disponibilizados à comunidade universitária. O novo mainframe utilizava o sistema operacional VM/CMS (Virtual Machine/Conversational Monitor System) da IBM. Este sistema operacional permitia definir e usar máquinas virtuais para que os usuários compartilhassem o equipamento enquanto mantinham seus arquivos e dados separados. Jáo sistema MVS (Multiple Virtual Storage) desenvolvido pela IBM e também instalado e disponibilizado no IBM 3090, era o sistema operacional mais utilizado nos mainframes IBM System/370 e System/390, para processamento de serviços (jobs) simultâneos em partições distintas da memória, o que possibilitou aos pesquisadores submeterem trabalhos que requeriam significativo recurso computacional por longos períodos de processamento.
IBM 3090 que substituiu os IBM 4341 e 4381
O IBM-3090 permaneceu funcionando até 1997 ou 1998 quando foi desligado.
BITNET – A Rede de comunicação que liga nossa universidade a outras universidades, centros de pesquisa e redes de ensino e pesquisa do mundo.
UFSC
Em março de 1990, após um período de experiência com o acesso discado à BITNET cerca de 30 usuários da UFSC já se beneficiavam do serviço de correio eletrônico provido pela FAPESP. Seguindo a tendência tecnológica da época, a UFSC criou o domínio brufsc.bitnet e estabeleceu uma conexão dedicada com a FAPESP, fazendo com que a UFSC se tornasse efetivamente um nó da rede BITNET.
O domínio próprio da UFSC propiciou aos usuários uma identidade própria não necessitando mais utilizar os serviços usando o domínio da FAPESP. Isto possibilitou a criação de contas locais individuais de e-mail para seus usuários, dado que até então se usava uma conta compartilhada para todos.
O estabelecimento da conexão dedicada utilizou o equipamento IBM 3090. Esta conexão foi possível graças ao empréstimo, pelo CIASC, de uma Unidade de Controle de Comunicação UCCI da Itautec e através da contratação de um enlace LPCD (Linha Privativa de Comunicação de Dados) de 1,2 kbps da EMBRATEL.
Diagrama da rede BITNET no Brasil e equipamentos IBM utilizados na conexão com a FAPESP para utilização da BITNET em 1990
Com o intuito de divulgar e incentivar o uso da rede BITNET, pela comunidade universitária da UFSC, foi elaborado um folder, onde eram passadas as informações sobre as potencialidades deste novo serviço assim como mostrava a integração da UFSC, através desta rede de comunicação,com as demais redes mundiais de computadores.
No final de 1990, o enlace da EMBRATEL foi ampliado de 1,2 Kbps para 2,4 Kbps via LPCD (Linha Privativa de Comunicação de Dados). Neste momento a UFSC já contava com 100 terminais com acesso à BITNET, sendo que os usuário já faziam acesso à rede via terminais IBM 3270 conectados ao mainframe IBM 3090. O serviço de correio eletrônico na época rodava sobre a plataforma da IBM utilizando o subsistema RSCS (Remote Spooling Communication Subsystem) e o protocolo NJE (Network Job Entry) em vez do TCP/IP. O subsistema RSCS utilizava tecnologia de store and forward, não demandando de uma conexão continua para trafegar os dados na rede.
Em julho de 1990, a UFSC recebe o supercomputador CONVEX-C210, adquirido através da licitação internacional realizada em 1989 no contexto do projeto CTC/CFM. O equipamento entregue à UFSC, além do processamento vetorial, possuía uma CPU com um único processador e sistema operacional CONVEXOS, baseado no sistema UNIX BSD 4.2 de Berkeley capaz de suportar 4 processadores. Contava também com uma memória de 64 Mb, 5,4 Gb de disco, uma unidade de fita carretel e uma impressora com velocidade de 600 linhas por minuto. O CONVEX-C210 possuía 2 controladoras de terminais locais assíncronos com capacidade de ligação de até 16 terminais cada.
No processo de importação do CONVEX-C210 foi necessário obter a autorização do Departamento de Defesa Americano, visto que os computadores CONVEX em função de sua alta capacidade de processamento vetorial, poderiam ser utilizados para a realização de pesquisas relacionadas ao enriquecimento de urânio para propósitos militares.
Ainda em julho de 1990, a UFSC recebeu 20 estações de trabalho da SUN Microsystems, através de projeto do CNPq, que se tornam o marco inicial da utilização e disseminação do sistema operacional Unix no CFM, CTC e NPD. Em geral as estações de trabalho entregues pelo CNPq eram distribuídas em “kits”, composto por um servidor e duas estações “diskless“, conectadas através de uma rede local Ethernet/TCP/IP.
Equipamentos entregues para a redeUFSC em 1990: supercomputador Convex C-210 e estações de trabalho SUN Microsystems
Em dezembro de 1990, é implantada a primeira rede local padrão Ethernet/TCP/IP (TransmissionControlProtocol/Internet Protocol) da UFSC,que interligou diversas unidades do CTC e o NPD, dando assim início ao backbone da redeUFSC. A rede padrão Ethernet com CSMA/CD e capacidade de transmissão de 10 Mbps foi estabelecida utilizando a tecnologia de enlace 10BASE5, também conhecido como “ThickEthernet” ou cabo coaxial grosso. O cabo foi adquirido com comprimento de 500 metros, limite da tecnologia, e foi lançado entre o prédio da engenharia mecânica e o prédio da direção do CTC na época, passando pelos prédios, departamentos e laboratórios que ficavam neste caminho, tais como NPD, EPS, EEL, INE, LCMI, LABSPOT, ARQ e ENS.
A escolha por utilizar o Ethernet/TCP/IP se deu pelo fato de ser na época, a única solução independente de fornecedores e presente em quase todos os sistemas computacionais existentes em universidades.
Equipamentos utilizados na primeira rede padrão Ethernet TCP/IP da UFSC e diagramas de como eram feitas as conexões a partir do cabo coaxial