Backbone da redeUFSC é ampliado através de cabo óptico

Em janeiro de 1991 foi instalado o primeiro segmento da rede de fibra ótica da UFSC conectando o CFM ao segmento de cabo instalado no final de 1990. A conexão foi realizada através de uma fibra ótica multimodo com  diâmetro do núcleo de 62,5 microns e  diâmetro da casca 125 mícrons, utilizando um repetidor Cabletron FR-3000 com 2 interfaces, uma para conectar a fibra óptica e a outro o  cabo coaxial. A conexão por meio de fibra óptica permitiu aumentar o alcance da rede e o volume de tráfego de dados entre o CFM e CTC, consequentemente com o NPD, permitindo aos pesquisadores desses centros uma melhor comunicação e compartilhamento de recursos.

Proposta de criação da rede estadual de ensino e pesquisa é submetida ao Governo do Estado

No mês de julho de 1991, buscando dar maior autonomia às instituições de ensino do estado de Santa Catarina, a UFSC através do NPD e do INE apresenta à SETEMA (Secretaria de Educação, Tecnologia e Meio Ambiente) uma primeira proposta para criação de uma rede estatual para apreciação do Governo do Estado. A propostas viabiliza a diversidade na forma de acesso à rede, através do uso de tecnologias como X.25, SDLC, TCP/IP e acesso assíncrono para microcomputadores, e estabelece a necessidade da existência de rotas alternativas para rede de comunicação de dados.

Esta proposta buscava criar uma rede estadual para atendimento das instituições de ensino superior e órgãos de pesquisa nos moldes da RNP. O principal objetivo desta rede era realizar a “integração dos órgãos acadêmicos e de pesquisa, sediados no Estado de Santa Catarina, em uma rede estadual segura, estável e resiliente interconectada à Rede Nacional de Pesquisa”, criada em 1989, exatamente para fazer essa integração dos principais centros de pesquisa e universidades do país. Tecnicamente, nesta época a rede da RNP foi criada a partir de um conjunto de linhas dedicadas patrocinadas pelo CNPq com tecnologia sustentada pela BITNET.

Neste momento, o projeto para criação da rede catarinense buscava apoio de diferentes órgãos e entidades, podendo-se citar: Governo do Estado, Secretaria de Ciência e Tecnologia, das Instituições de Ensino Superior, SEC, CIASC e CELESC. O investimento previsto se concentrava na montagem da infraestrutura e contava com a aquisição de equipamentos de comutação de redes, aluguel de linhas dedicadas/discadas para realizar as interconexões entre os pontos de acesso, distribuição central, além da contratação de pessoal técnico para operar a rede. Os serviços providos por esta rede deveriam possuir níveis de abrangência, tanto local (na própria instituição), regional (instituições do estado), nacional (redes RNP, BITNET e INTERNET) e internacional (outras redes globais).

Esta proposta inicial vislumbrou três alternativas para formar a rede estadual:

  • Iniciativas Individuais: esta proposta se baseava no modelo da RNP de realizar a conexão ao nó mais próximo, dentre as vantagens deste modelo se destacava a facilidade de implantação, dado que o esforço para construir a rede dependia da vontade e dos recursos da própria instituição que desejasse se conectar na rede. Como principal desvantagem, destacava-se o custo elevado, o que de certa forma restringia o acesso às instituições maiores;
  • Criar uma Estrutura Própria: em termos técnicos, esta proposta seria a mais adequada dado que existia a necessidade de recurso computacional em grande parte das instituições. No entanto, na época ainda não havia um número considerável de instituições para justificar os custos elevados de um projeto dessa magnitude; e
  • Utilizar a Infraestrutura da rede do Governo do Estado: esta proposta previa uma infraestrutura de rede composta de nós de comutação interligados por linhas dedicadas com tarifação sobre o uso destes enlaces.

Expansão do domínio brufsc.bitnet em Santa Catarina

Em meados de 1992, via um acordo firmado entre UFSC, SED, UDESC e ACAFE, o acesso à BITNET através da utilização do domínio brufsc.bitnet é viabilizado para outras instituições do estado de Santa Catarina por intermédio de um enlace existente entre o mainframe do CIASC e o IBM 3090 da UFSC. A utilização da rede se dava através do acesso disponibilizado nas unidades da Secretaria de Educação, ou seja, as universidades que desejavam acessar a rede se deslocavam para a unidade da Secretaria de Educação de seu município e a partir de lá utilizavam a rede através de um terminal IBM 3270 conectado a rede do CIASC. A utilização da rede na época se dava através da utilização de serviços como correio eletrônico e transferência de arquivos. Todas as contas para uso do correio eletrônico eram criadas no mesmo domínio @brufsc.bitnet independente da afiliação do usuário.

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Expansão do domínio brufsc.bitnet para o estado através da Secretaria da Educação do Estado via CIASC.

Criação do domínio de Internet ufsc.br

Em julho de 1992 é criado o domínio de Internet ufsc.br, utilizado atualmente pela UFSC como domínio principal para todas as suas unidades. Esse domínio gradativamente substituiu o domínio brufsc.bitnet  utilizado em grande parte para o serviço de correio eletrônico. A partir da criação do domínio ufsc.br, o uso da rede se tornou mais flexível e seu crescimento foi acelerado. A criação de subdomínios de ufsc.br possibilita melhor identificar  da unidade da instituição responsável pelo mesmo ou um serviço que venha a ser disponibilizado, tal como npd.ufsc.br ou smtp.ufsc.br.

Fim da rede BITNET em Santa Catarina

Em novembro de 1995, a UFSC encerra suas atividades como nó da BITNET. A partir deste momento a adoção da Internet ganha força, assim como já estava sendo feito em outros países desde o final da década de 1980. Os usuários foram instruídos a divulgar seus endereços da Internet (…@ibm.ufsc.br) e que realizassem um novo cadastro em quaisquer listas de e-mail com o endereço da Internet para que não deixassem de receber suas correspondências. 

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Mensagem sobre o encerramento das atividades da UFSC como nó da BITNET

Vale lembrar a importância da BITNET como precursora da Internet, no sentido de criar expectativas sobre uma rede aberta e de livre acesso além de ajudar com a criação do conceito de pagamento por banda alugada e não por quantidade de dados transmitidos como era proposto inicialmente, como podemos observar nesse trecho do livro “How the Web was Born: The Story of the World Wide Web. 

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"No entanto, o mundo das redes tinha muito que agradecer à BITNET pois 'Foi um importante precursor da Internet', explica Brian Carpenter, 'no sentido em que estabeleceu muitas expectativas com relação a abertura e liberdade de acesso.' É difícil entender como isso revolucionou o mundo da pesquisa de partículas na física e ultimamente o desenvolvimento global da Internet. 'BITNET', disse Paul Kunz 'foi a que rompeu as barreiras políticas.' Ao fazer isso, colocou um fim as ambições das empresas de telecomunicações de cobrar pela transmissão de dados por byte. O modelo de cobrança que a BITNET ajudou a estabelecer foi baseado em linhas alugadas, cujo preço é determinado pela largura de banda. Uma vez pago o aluguel da linha, o quanto se usa depende do usuário.