Proposta de criação da rede estadual de ensino e pesquisa é submetida ao Governo do Estado

No mês de julho de 1991, buscando dar maior autonomia às instituições de ensino do estado de Santa Catarina, a UFSC através do NPD e do INE apresenta à SETEMA (Secretaria de Educação, Tecnologia e Meio Ambiente) uma primeira proposta para criação de uma rede estatual para apreciação do Governo do Estado. A propostas viabiliza a diversidade na forma de acesso à rede, através do uso de tecnologias como X.25, SDLC, TCP/IP e acesso assíncrono para microcomputadores, e estabelece a necessidade da existência de rotas alternativas para rede de comunicação de dados.

Esta proposta buscava criar uma rede estadual para atendimento das instituições de ensino superior e órgãos de pesquisa nos moldes da RNP. O principal objetivo desta rede era realizar a “integração dos órgãos acadêmicos e de pesquisa, sediados no Estado de Santa Catarina, em uma rede estadual segura, estável e resiliente interconectada à Rede Nacional de Pesquisa”, criada em 1989, exatamente para fazer essa integração dos principais centros de pesquisa e universidades do país. Tecnicamente, nesta época a rede da RNP foi criada a partir de um conjunto de linhas dedicadas patrocinadas pelo CNPq com tecnologia sustentada pela BITNET.

Neste momento, o projeto para criação da rede catarinense buscava apoio de diferentes órgãos e entidades, podendo-se citar: Governo do Estado, Secretaria de Ciência e Tecnologia, das Instituições de Ensino Superior, SEC, CIASC e CELESC. O investimento previsto se concentrava na montagem da infraestrutura e contava com a aquisição de equipamentos de comutação de redes, aluguel de linhas dedicadas/discadas para realizar as interconexões entre os pontos de acesso, distribuição central, além da contratação de pessoal técnico para operar a rede. Os serviços providos por esta rede deveriam possuir níveis de abrangência, tanto local (na própria instituição), regional (instituições do estado), nacional (redes RNP, BITNET e INTERNET) e internacional (outras redes globais).

Esta proposta inicial vislumbrou três alternativas para formar a rede estadual:

  • Iniciativas Individuais: esta proposta se baseava no modelo da RNP de realizar a conexão ao nó mais próximo, dentre as vantagens deste modelo se destacava a facilidade de implantação, dado que o esforço para construir a rede dependia da vontade e dos recursos da própria instituição que desejasse se conectar na rede. Como principal desvantagem, destacava-se o custo elevado, o que de certa forma restringia o acesso às instituições maiores;
  • Criar uma Estrutura Própria: em termos técnicos, esta proposta seria a mais adequada dado que existia a necessidade de recurso computacional em grande parte das instituições. No entanto, na época ainda não havia um número considerável de instituições para justificar os custos elevados de um projeto dessa magnitude; e
  • Utilizar a Infraestrutura da rede do Governo do Estado: esta proposta previa uma infraestrutura de rede composta de nós de comutação interligados por linhas dedicadas com tarifação sobre o uso destes enlaces.

Expansão do domínio brufsc.bitnet em Santa Catarina

Em meados de 1992, via um acordo firmado entre UFSC, SED, UDESC e ACAFE, o acesso à BITNET através da utilização do domínio brufsc.bitnet é viabilizado para outras instituições do estado de Santa Catarina por intermédio de um enlace existente entre o mainframe do CIASC e o IBM 3090 da UFSC. A utilização da rede se dava através do acesso disponibilizado nas unidades da Secretaria de Educação, ou seja, as universidades que desejavam acessar a rede se deslocavam para a unidade da Secretaria de Educação de seu município e a partir de lá utilizavam a rede através de um terminal IBM 3270 conectado a rede do CIASC. A utilização da rede na época se dava através da utilização de serviços como correio eletrônico e transferência de arquivos. Todas as contas para uso do correio eletrônico eram criadas no mesmo domínio @brufsc.bitnet independente da afiliação do usuário.

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Expansão do domínio brufsc.bitnet para o estado através da Secretaria da Educação do Estado via CIASC.

Proposição da rede estatual é reapresentada ao Governo do Estado

Com a crescente a necessidade de expansão da rede de Internet Acadêmica para outras instituições de ensino e pesquisa de Santa Catarina, ao final de 1994, UFSC, UDESC, EPAGRI e ACAFE  em conjunto, entregaram ao Governo do Estado uma proposta que amplia a abrangência da primeira proposta apresentada em 1991, e propõe a criação da RCCT – Rede Catarinense de Ciência e Tecnologia.

A proposta desta rede era expandir na âmbito estadual o alcance da Internet da RNP, criando uma rede estadual de alta qualidade para interligar as instituições de ensino superior e de pesquisa, principalmente agrícola, com a Internet, além de viabilizar uma infraestrutura para ensino a distância e intercâmbio de informações entre as instituições conectadas nesta rede.

O projeto propõe a criação de pontos de presença através do estado e instituições a serem conectadas nestes pontos. Inicialmente a proposta era instalar estes pontos de presença nas cidades de Florianópolis, Itajaí, Joinville, Blumenau, Canoinhas, Lages, Joaçaba, Chapecó, Tubarão e Criciúma.

Somente foi possível elaborar esta proposta, graças as articulações nacionais que estavam surgindo, com a presença da Rede Nacional de Pesquisa, bem como a institucionalização de um Ponto de Presença da RNP no estado, o PoP-SC. Entre a criação do PoP-SC e esta proposta, houve uma série de tentativas para expandir a rede para outras instituições de ensino e pesquisa de Santa Catarina, porém todas foram iniciativas isoladas e algumas com teor puramente experimental. Neste viés, podem-se citar os esforços da UDESC (Florianópolis e Joinville), EPAGRI, TELESC, CIASC, Blusoft (Blumenau), Softville (Joinville) e CTAI.

Criação da RCT-SC

Em maio de 1995, a partir da elaboração da proposição conjunta da rede estadual apresentada ao Governo do Estado, no ano anterior, foi lançada  oficialmente a Rede de Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (RCT-SC), ocasião em que foi divulgado o edital de  licitação para aquisição da infraestrutura necessária. A partir da criação da RCT-SC, estabeleceram-se como principais objetivos a integração dos órgãos que produzem e utilizam informações em ciência e tecnologia, bem como ensino à distância, através da implantação de uma infraestrutura de rede de computadores em Santa Catarina, ligada à Rede Nacional de Pesquisa.

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Principais objetivos da RCT-SC

No evento, fez-se uma demonstração da rede ao Ministro de Ciência e Tecnologia José Israel Vargas, (1992-1999), que ao conhecer a proposta da RCT/SC, assinou o protocolo de intenções, visando fomentar a implantação da mesma. Neste documento o Ministério de Ciência e Tecnologia se propõe a apoiar com recursos na ordem de R$ 500.000,00  (Quinhentos mil reais) destinados a cobertura dos recursos humanos necessários a implementação da RCT/SC.

Na mesma data, foi assinado o convênio entre a UFSC e o Governo do Estado de Santa Catarina, através da SDT, viabilizando adquirir equipamentos para a Rede Catarinense de Ensino a Distância (projeto de vídeo conferência remota liderado pelo LED/UFSC).

Epagri se integra a RCT-SC melhorando a conectividade de suas unidades

Desde 17 de maio de 1995, por ocasião da assinatura do protocolo de cooperação da RCT-SC a Epagri participa da iniciativa RCT-SC, sempre em busca de melhorias no seu acesso a informações de ciência e tecnologia.

Inicialmente suas unidades estavam ligadas às instituições de ensino que sediavam os Pontos de Presença no interior do estado, de acordo com a topologia adotada na ocasião (21 pontos de presença). Em um segundo momento, acompanhando a evolução da rede, teve suas conexões ligadas a FAPESC, grande mantenedora desta rede acadêmica.

Os circuitos iniciaram com velocidades de 64 kbps e, na medida do aumento da demanda ou do porte da unidade, chegaram a 2 Mbps. A Epagri possui escritórios em todos os municípios do estado (alguns com mais de uma unidade), e chegou a ter 92 circuitos de dados com a RCT-SC.

A integração da Epagri com os demais órgãos do Setor Público Agrícola Estadual, também participantes da rede acadêmica e interligados a ela, foi facilitada e mesmo ampliada. Pode-se citar principalmente:

  • SDA – Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura (atual Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca)
  • CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina
  • Instituto Cepa/SC – Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina