Início da era de processamento distribuído na UFSC

Até o ano de 1988, a UFSC contava com um modelo de processamento centralizado, o qual teve  início na universidade  com a aquisição do equipamento IBM 1130 no ano de 1970.

Em dezembro de 1988 é criada uma comissão técnica de trabalho para analisar e direcionar os investimentos dos recursos obtidos junto à FINEP para dotar o CTC e o CFM da UFSC de um novo sistema computacional visando a adoção do processamento distribuído em detrimento do processamento centralizado.

Membros da Comissão:

  • Clavio Coutinho Filho – Departamento de Informática;
  • Diomário Queiroz – Diretor do Centro Tecnológico;
  • Edison Tadeu Lopes Melo – Núcleo de Processamento de Dados;
  • Fernando Cabral – Departamento de Física;
  • Jean-Marie Farines – Departamento de Engenharia Elétrica;
  • Luiz Fernando Maia – Departamento de Informática;
  • Paulo Cesar Jucá – Departamento de Engenharia Mecânica.

Neste mesmo ano, a universidade dispunha de 2 computadores “mainframe (1 IBM 4341 e 1 IBM 4381), com cerca de 90 terminais conectados através de uma topologia de rede em estrela. Nesta época estima-se que havia cerca de 500 microcomputadores trabalhando de forma totalmente isolada, ou seja, ainda não aproveitavam o potencial de uma rede de computadores.

No ano de 1989, os trabalhos desta comissão técnica resultaram em uma licitação internacional que permitiu a aquisição de uma solução tecnológica capaz de implementar o modelo de processamento distribuído em rede na UFSC, a começar pelo CTC e CFM, capaz de permitir a substituição gradual do processamento centralizado.

O edital especificou as necessidades em termos de equipamentos centrais, estações de trabalho e uma rede local capaz de integrá-los entre si juntamente com os equipamentos já existentes à época. Para atendimento desta demanda, a comissão pré selecionou três grandes fornecedores de solução: 

  • Sun Microsystems – Estações de trabalho e equipamentos de rede; 
  • Unisys – Minisuper-computador vetorial Convex-C210; 
  • IBM – Computador de propósitos gerais IBM-3090.

Primeira mensagem de correio eletrônico em Santa Catarina

UFSC é a precursora do ingresso de Santa Catarina na rede BITNET (acrônimo para “Because It’s Time to NETwork” ou “Because It’s There NETwork“), que ocorreu em meados de 1989 através de uma conexão experimental discada com a FAPESP. Esta conexão abriu as portas da rede BITNET e permitiu aos pesquisadores e usuários efetuarem troca de dados/informações com seus pares ao redor do globo, que também tivessem acesso à BITNET. O acesso da UFSC  à rede BITNET era feito através de uma única conta de e-mail, criada sob o domínio da FAPESP, a qual era “compartilhada” pelos usuários da UFSC, onde um profissional do NPD operava o serviço, recebendo em disquete os e-mails a serem transmitidos e separando os e-mails recebidos pelo seu assunto, que continha o destinatário, e fazia a sua entrega impressa ou em disquete.

Instalação do Mainframe IBM 3090 na UFSC

Em janeiro de 1990, é entregue à UFSC o mainframe IBM 3090, adquirido através da licitação de 1989, para substituir os equipamentos  IBM 4341 e IBM 4381, os quais proviam todos os serviços de TI disponibilizados pelo NPD. Com a aquisição e operacionalização do IBM 3090 a UFSC experimentou um salto significativo na de capacidade de processamento, de  e recursos de TI disponibilizados à comunidade universitária. O novo mainframe utilizava o sistema operacional VM/CMS (Virtual Machine/Conversational Monitor System) da IBM. Este sistema operacional permitia definir e usar máquinas virtuais para que os usuários compartilhassem o equipamento enquanto mantinham seus arquivos e dados separados. Já o sistema MVS (Multiple Virtual Storage) desenvolvido pela IBM e também instalado e disponibilizado no IBM 3090, era o sistema operacional mais utilizado nos mainframes IBM System/370 e System/390, para processamento de serviços (jobs) simultâneos em partições distintas da memória, o que possibilitou aos pesquisadores submeterem trabalhos que requeriam significativo recurso computacional por longos períodos de processamento.

O IBM-3090 permaneceu funcionando até 1997 ou 1998 quando foi desligado.

Criação do domínio brufsc.bitnet

BITNET – A Rede de comunicação que liga nossa universidade a outras universidades, centros de pesquisa e redes de ensino e pesquisa do mundo.

UFSC

Em março de 1990, após um período de experiência com o acesso discado à BITNET cerca de 30 usuários da UFSC já se beneficiavam do serviço de correio eletrônico provido pela FAPESP. Seguindo a tendência tecnológica da época, a UFSC criou o domínio brufsc.bitnet e estabeleceu uma conexão dedicada com a FAPESP, fazendo com que a UFSC se tornasse efetivamente um nó da rede BITNET.

O domínio próprio da UFSC propiciou aos usuários uma identidade própria não necessitando mais utilizar os serviços usando o domínio da FAPESP. Isto possibilitou a criação de contas locais individuais de e-mail para seus usuários, dado que até então se usava uma conta compartilhada para todos.

O estabelecimento da conexão dedicada utilizou o equipamento IBM 3090. Esta conexão foi possível graças ao empréstimo, pelo CIASC, de uma Unidade de Controle de Comunicação UCCI da Itautec e através da contratação de um enlace LPCD (Linha Privativa de Comunicação de Dados) de 1,2 kbps da EMBRATEL.

Com o intuito de divulgar e incentivar o uso da rede BITNET, pela comunidade universitária da UFSC, foi elaborado um folder, onde eram passadas as informações sobre as potencialidades deste novo serviço assim como mostrava a integração da UFSC, através desta rede de comunicação, com as demais redes mundiais de computadores.

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Folder de divulgação da BITNET na UFSC

No final de 1990, o enlace da EMBRATEL foi ampliado de 1,2 Kbps para 2,4 Kbps via LPCD (Linha Privativa de Comunicação de Dados). Neste momento a UFSC já contava com 100 terminais com acesso à BITNET, sendo que os usuário já faziam acesso à rede via terminais IBM 3270 conectados ao mainframe IBM 3090. O serviço de correio eletrônico na época rodava sobre a plataforma da IBM utilizando o subsistema RSCS (Remote Spooling Communication Subsystem) e o protocolo NJE (Network Job Entry) em vez do TCP/IP. O subsistema RSCS utilizava tecnologia de store and forward, não demandando de uma conexão continua para trafegar os dados na rede.

Nó de processamento vetorial e estações gráficas chegam para compor a redeUFSC

Em julho de 1990, a UFSC recebe o supercomputador CONVEX-C210, adquirido através da licitação internacional realizada em 1989 no contexto do projeto CTC/CFM. O equipamento entregue à UFSC, além do processamento vetorial, possuía uma CPU com um único processador e sistema operacional CONVEXOS, baseado no sistema UNIX BSD 4.2 de Berkeley capaz de suportar 4 processadores. Contava também com uma memória de 64 Mb5,4 Gb de disco, uma unidade de fita carretel e uma impressora com velocidade de 600 linhas por minuto. O CONVEX-C210 possuía 2 controladoras de terminais locais assíncronos com capacidade de ligação de até 16 terminais cada.

No processo de importação do CONVEX-C210 foi necessário obter a autorização do Departamento de Defesa Americano, visto que os computadores CONVEX em função de sua alta capacidade de processamento vetorial, poderiam ser utilizados para a realização de pesquisas relacionadas ao enriquecimento de urânio para propósitos militares.

Ainda em julho de 1990, a UFSC recebeu 20 estações de trabalho da SUN Microsystems,  através de projeto do CNPq, que se tornam o marco inicial da utilização e disseminação do sistema operacional Unix no CFM, CTC e NPD. Em geral as estações de trabalho entregues pelo CNPq eram distribuídas em “kits”, composto por um servidor e duas estações “diskless“, conectadas através de uma rede local Ethernet/TCP/IP.